O mistério Moreau


Texto originalmente postado em inglês na Revista Playboy - Setembro de 1965
Tradução: Maria Schwertner


O talento de Moreau na candura cinematográfica frequentemente é superado pela sua franqueza. Sobre os homens: “Eu aprendo muito com os homens. Não teria uma vida ridícula se não aprendesse?” Sobre o amor: “Todas as mulheres deveriam manter seus amantes, de alguma forma, se puderem.” Sobre o sucesso: “A fama não significa nada. Não se pode fazer amor com ela...” Sobre política: “Eu devia ter tido dez casos amorosos ao invés de perder todo esse tempo.” Sobre si mesma: “O meu segredo é não ter segredos. Sou transparente.


Uma introdução exclusiva da Playboy à contemplativa e sedutora alta sacerdotisa das atrizes do cinema francês contemporâneo


Ao contrário da maioria das protagonistas do cinema mundial atual, a francesa Jeanne Moreau, como ela mesma admite, possui poucas das qualidades físicas normalmente consideradas pré-requisitos para projetar um apelo sexual. Mesmo assim, La Moreau – como foi apelidada pela imprensa francesa há alguns anos – foi descrita pela crítica internacional de cinema como “uma sensualista escorregadia”, “uma beleza fria, blasé” e a maioria dos outros superlativos sexuais normalmente reservados apenas para as mulheres mais bem-dotadas do cinema. Afastando-se de todas as tentativas de ranqueá-la entre a crescente safra de deusas do sexo de celuloide (“Bonita? É claro que não. Essa é justamente a minha marca, não é?”). A femme fatale gaulesa de 37 anos conta com sua reputação como uma atriz versátil e franca sensualista como chave para o seu charme carismático. Como ela diz “quando estou apaixonada, isso influencia o meu prazer em atuar. A maioria das pessoas não tem a energia para a paixão, então eles desistem e vão ao cinema.”




Apesar de se dedicar às telas como veículo para o seu extenso talento, a senhorita Moreau primeiro fez sentirem a sua presença dramática nos palcos da Comédie Française e do Théâtre National Populaire em Paris. Apenas em 1959, já com 20 “filmes esquecíveis” no seu currículo, ela encontrou a sua vocação na indústria do cinema como a estrela de “Os Amantes”, de Louis Malle. O primeiro de muitos homens profissionais/passionais na sua vida privada muito divulgada, Malle lançou a sua carreira como a mais desejada das donzelas devastadas do cinema francês. Agora, com passagens no estrelato em filmes como “Os Vitoriosos”, “O Processo”, “Jules e Jim”, “Banana Peel” e “A Noite”, Moreau está outra vez associada com Malle em seu próximo filme “Viva Maria!”, um conto de fim de século sobre a guerra na América Latina e as mulheres, no qual Jeanne e Brigitte Bardot dividem as honras da sedução sobre o mesmo cenário de interior mexicano que fornece o clima para esse portfólio tão provocativo.



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